domingo, 23 de dezembro de 2012

Simplesmente Natal

Quem me conhece sabe o quanto amo o Natal. É bem verdade que ele acontece bem na época que eu estou em uma TPM constante por um motivo: eu odeio calor. Odeio verão. Odeio muito. MUITO MESMO, mas como eu dizia, amo o Natal. Amo as decorações, mesmo que não entenda muito Boneco de Neve nos shoppings neste calor dos infernos. MUITO CALOR. Sou a favor de adaptar tudo para o nosso clima: acho justo Papai Noel na praia de bermudão, óculos escuros e uma água de coco na mão. Amo as luzes nas ruas (mesmo que hoje em dia ache que tem pouco disso pelo Rio de Janeiro - 01 sonho: Europa nessa época), a confraternização da família, as trocas de presentes dos 500 'amigo oculto' que nos comprometemos a participar. Enfim, acho que deu pra perceber, né?

Todo esse clima de fim de ano também me deixa nostálgica. Na verdade, eu já sou uma pessoa nostálgica. Volta e meia durante certas épocas eu fico assim, aí o que faço? Revejo vários filmes que me lembram uma época, séries (é clássico que eu assista The O.C. nessas "crises", mas só a 1ª temporada haha), músicas (e aqui entra de tudo: desde bandas e artistas que escuto com frequência até aqueles que só gosto de uma música) etc. Então, perto do Natal e do fim de cada ano, o que acontece comigo é que fico nostálgica o dobro do que quando fico às vezes.

Toda essa introdução foi para situar o porquê do meu texto de hoje, que é sobre um um filme que sempre (sempre), desde que o assisti pela primeira vez, revejo no Natal: Simplesmente Amor (IMDB). É uma comédia romântica britânica (God bless) com um baita elenco e diversas histórias em um só filme. Antes de tudo: não sou uma pessoa que gosta desse tipo de filme. Comédias românticas geralmente me deixam entediada e com vergonha alheia de diversas situações, seja com uma declaração de amor cafona ou uma tentativa frustrada de comédia. Simplesmente Amor nunca me deixou assim. Tudo flui tão bem e tão naturalmente que eu até esqueço que estou assistindo uma comédia romântica.

Além dele, ainda amo rever: Esqueceram de Mim 1 e 2 (clássicos), A Felicidade Não Se Compra (obra-prima do Frank Capra), O Diário de Bridget Jones (do mesmo autor de Simplesmente Amor, haha) e um que não a ver com o Natal, mas é dessa minha nostalgia de fim de ano: Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças.


O texto abaixo, porém, é só sobre Simplesmente Amor. Ah... Vai rolar spoiler ;)


Cena de "Simplesmente Amor"
As histórias são ótimas e nem sei dizer qual gosto mais. Em cada uma encontro um ponto que amo. Todos os personagens estão ligados, mas não soa falso. Temos o sensacional Bill Nighy fazendo o rockstar decadente, louco para retornar ao número 1 das paradas fazendo o que todo artista coxinha faz em fim de ano para ganhar dinheiro: canção natalina. Ele é o típico estereótipo do cara que aproveitou todo seu auge da fama à base de sexo e drogas. Sem restrições, o personagem vem com muito humor britânico (God bless) fazendo disso tudo uma ótima sátira. Uma das melhores cenas do personagem:



Um dos maiores canastrões do mundo também faz parte do elenco: Hugh Grant. Sempre perfeito para esses tipos de filme, aqui Grant é o Primeiro Ministro britânico que se apaixona pela funcionária (Martine McCutcheon). Sempre com um bom timing para comédia e uma figura sempre carismática, ele ainda protagoniza uma cena mais 'exigente': ele peita o presidente dos EUA (outro canastrão, Billy Bob Thornton ex-Angelina Jolie) em um discurso (God bless). Abaixo uma das melhores cenas (ou a melhor) do personagem:



Dois nomes de peso protagonizam a parte triste do filme: Allan Rickman e Emma Thompson vivem um casal com dois filhos e que é abalado por uma traição. O destaque aqui é dela, que aborda com classe e ótima atuação e torna a tristeza da personagem, a nossa. Laura Linney é uma dedicada irmã que guarda uma paixão "secreta" pelo brazuca Rdrigo Santoro, e acho bem bonita a relação dela com o irmão.

Keira Knightley possui uma história interessante. O começo do filme é com seu casamento e muita felicidade do casal. O que ela não sabe, é que o melhor amigo do noivo é apaixonado por ela. Classic. No entanto, aqui é diferente. A primeira coisa que passaria pela minha cabeça é que em um outro filme, o amigo ia se declarar e talvez até pudesse roubar a noiva, mas o que acontece aqui nessa história é uma das declarações mais lindas que já vi e sem o intuito de querer roubar a moça do amigo. Além disso, com o que eu queria que acontecesse no fim: ela continua casada, sem ter ficado um momento sequer abalada, apenas foi compreensiva e fofa com o cara:



Colin Firth é um escritor que logo no início do filme descobre que sua mulher o traía com seu irmão. Que situação, não? Com isso, ele decide se refugiar no sul da França e lá acontece o que ele não esperava: se apaixona novamente. Aurélia, uma portuguesa que toma conta da casa, chama a atenção do inglês. O que mais gosto dessa história dos dois é que eles falam e se declaram um para o outro sem se entender. Ela não fala inglês, e ele não fala português.


Ficou tão legal, mas tão legal que eu até perdoei quando o pai da moça dá um beijo no Colin Firth no final do filme (quis dizer que o cara tava feliz com o noivado mas né, pelamour, pra quê, desde quando portugueses têm esse costume? enfim).

Liam Neeson é um padastro com uma difícil missão: cuidar do enteado, que acaba de ficar órfão de mãe. A princípio, o menino parece apenas estar abalado com a morte, mas depois descobrimos a 'terrível' verdade: o pequeno está... apaixonado. Haha! E palmas para esse coisa fofa do Thomas Brodie-Sangster, que não foi uma criança insuportável e sim muito carismática, nos fazendo crer naquela paixonite que todos temos quando pequenos.



Outra história que merece destaque e que gosto muito é a do casal que se conhece por um motivo bem diferente: ambos vão protagonizar um filme pornô. Haha. Durante os ensaios, eles conversam o tempo todo sobre as mais variadas coisas (de reclamações sobre o trânsito até sobre o que acham do novo Primeiro Ministro, que é o Hugh Grant... amo a forma como eles ligam todos os personagens no filme) e, com isso, se apaixonam. E apesar de se verem nus todos os dias, começam como todo casal. Marcam um encontro, ficam tímidos para o primeiro beijo. Acho demais. Só não consegui nenhuma cena no youtube, pena.

A parte mais boba do filme fica com um personagem: Collin Frisell (Kris Marshall). Ele é um cara novo, desesperado por mulher e sexo, como todo boçal. O que é legal dela: pegam aquilo que todos falam sobre o sotaque britânico - o charme - e usam a favor do cara, que nem é bonito. Pegam também o estereótipo do que todo cara novo que quando viaja sozinho acha que vai ter quando chegar no local destino: mulher gostosa e fácil. Claro que, para alfinetar mais ainda, usaram americanas. A cena que gosto, é a logo abaixo, principalmente quando elas ficam pedindo para ele falar as palavras e ficam encantadas com o sotaque dele, haha! Me identifiquei nesta parte (somente porque né), confesso. Sotaque britânico é uma das sete maravilhas do mundo. God bless.



E por fim, queria deixar aqui a cena que dá início ao filme e já me faz rir de primeira. Bill Nighy, muso.

Oh, fuck wank bugger shitting arse head and hole! 

terça-feira, 20 de novembro de 2012

May the Force be with you...

Por um acaso do destino, dias antes da Disney anunciar que comprou a Lucasfilm e que vai produzir Star Wars 7, 8 e 9, eu botei para rever a trilogia clássica. Tudo começou com um erro primário: botei na inocência o episódio 4 para assistir, achando que seria apenas ele, e quando me dei conta já tinha assistido aos três mais sensacionais e carismáticos de toda a saga. Sobre a Disney... Não vou gongar a produção, mas estou com um medo enorme do que pode ocorrer com esta nova trilogia que eles querem lançar.

Amo a Saga como um todo, mas acho que a trilogia mais recente, a que eu pude conferir nos cinemas, sofre com alguns problemas. Eu mal lembrava dos episódios 1 e 2, e lembrava mais do 3 por motivos de "Darth Vader nasce". Por isso, resolvi neste feriadão rever a nova também. E ah, soltarei spoilers adoidados ao longo do texto, já avisando.


Qui-Gon, Jar Jar Binks, Anakin Skywalker (Episódio 1)

Vou citar as poucas coisas que eu lembrava do episódio 1: o moleque que fazia o Anakin me irritava; ele ganhava uma corrida; o Jabba aparecia; Obi-Wan ainda Padawan era um espetáculo (McGregor, te dedico); os duelos Darth Maul x Qui-Gon e Obi-Wan x Darth Maul; que era um absurdo o Anakin, no 2, ter um caso com a Padmé. Jar Jar Binks (e daí que sou a ÚNICA pessoa no mundo inteiro que gosta dele?) 


Revi e não odiei tanto o moleque desta vez. Ele só não foi uma criança carismática, mas tudo bem, passa. Não é um filme ruim, como eu tinha na memória que era. É até bem bom. Melhor que o segundo que, ao rever tudo, considerei o mais fraco de toda a saga.

Anakin e Padmé


Coisas que eu lembrava do 2: Padmé, uns 10 anos mais velha que Anakin, não envelhece nem um pouco. E o pior, eles se apaixonam. Tá, ok, e daí que se apaixonam, o problema é que eles são daqueles casais meio insuportáveis, sabe. Cenas constrangedoras entre os dois, declarações de amor cafonas e tal. E tudo se confirmou na minha revisada. O 2 é um filme bem ruim. É uma enrolação só para o 3, que é o desfecho da trilogia nova. Ao contrário do que aconteceu na antiga, onde o episódio 5 é sensacional e considerado, por muitos, o melhor de todos. Eu amo, mas minha paixão acho que reside no episódio 6, mesmo indo contra a maré.

Anakin x Obi-Wan


Já o episódio 3 acho muito bom. Mesmo com o Hayden Christensen atuando mal. Fico constrangida com ele em muitas cenas, mas acho demais ver como tudo se desenrolou e como o Império foi montado. E claro, Yoda e tal ♥ Uma coisa que me incomoda muito no filme: como podem ter dado a desculpa para a morte de Padmé que ela "perdeu a vontade viver"? Pelo amor de Deus, a mulher tinha acabado de ter GÊMEOS. Duas crianças na vida de uma mãe e ela perdeu a vontade de viver por causa do Anakin?! Enfraqueceu tanto a personagem que me deu vergonha. E outra, a Leia não diz no sexto que tem lembranças da mãe? Aí eu também entro na questão de que o Obi-Wan não lembra do C3PO e do R2D2. Assim como o tio que cria o Luke, já que o C3PO ficava na fazenda, como vimos no segundo filme. Detalhes, detalhes...

E devo confessar, mesmo sendo chata, que a transformação do Anakin em Darth Vader não me convence muito. Soa um pouco forçado. Parece que ele vira vilão do nada, principalmente ao indicar que ele mata aquelas crianças no Templo Jedi. O motivo é mal explorado, talvez... Essa coisa da visão que ele tinha da morte da Padmé acaba ficando bobo. Fora que o Anakin, que sempre foi super arrogante, sucumbe ao Imperador muito facilmente. Enfim... 

Luke Skywalker, Princesa Leia, Han Solo
Minha preferência é realmente pela trilogia clássica. Luke, Leia e Han Solo. O trio principal, os carismáticos, os melhores. Os melhores filmes. Fico imaginando o quanto deve ter sido incrível poder acompanhar aos três primeiros nos cinemas e o auê que eles devem ter causado. Afinal, George Lucas criou não apenas uma história mas várias galáxias, povos, idiomas... Personagens que, como em toda saga de sucesso, nos apegamos e torcemos por cada um deles. E a trama, universal. Jovens rebeldes lutando contra um Império. Darth Vader, aqui, marcou. Um dos melhores vilões de todos os tempos, icônico com sua respiração artificial e voz forte e marcante. Além do que, foi nessa trilogia que temos uma das cenas mais famosas do cinema...


"Luke... I AM your father!"


... beware of the dark side.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

O primeiro e espero que não último.


Esse texto começou ainda pouco na minha cabeça, no retorno pra casa após o trabalho. É sempre o meu momento do dia. Fico repensando ele todo e em milhares de outras coisas. Começou também por outro simples motivo: nunca comecei, de fato, este blog. Tenho um endereço já faz meses – e talvez um ano, minha noção de tempo é bem ruim – e nunca consegui colocar nada aqui. Pois bem...

Nessa jornada de proletária na volta para o lar, lembrei da aula que tive pela manhã (Direção e Produção em Cinema), quando revi cenas de Pierrot Le Fou, de Jean-Luc Godard. Não estou querendo ser esnobe colocando o título em francês, mas é que o título nacional (O Demônio das Onze Horas. Sério) é bem tosco.

Jean-Paul Belmondo e Anna Karina (musa) em cena de "Pierrot Le Fou"

O filme fez parte da Nouvelle Vague, movimento francês nascido na década de 60 que era uma visão crítica do cinema mainstrean. A narrativa estabelecida foi quebrada, os diálogos são ácidos e a trama não possui linearidade.

E é isso que amo. E aí, é 8 ou 80. Conheço pessoas que não suportam e que até hoje possuem preconceito com o cinema francês por isso. Dos filmes de Godard que já assisti (além de Pierrot, Acossado e Uma Mulher é Uma Mulher) é isso que acontece. Por mais que tudo aponte para uma completa bagunça sem sentido, eles fazem todo o sentido. Até porque, sempre tem de haver uma história.

Anna Karina e Jean-Paul Belmondo em cena de "Uma Mulher É Uma Mulher"

Nestes três, há sempre um mocinho e uma mocinha em uma história de amor. E vale registrar: nada de mocinhas frágeis aqui. Um crime, uma fuga (no caso de Pierrot e Acossado). Soa familiar? Além de formar um bom par com o film noir, existe coisa mais tradicional do que estes elementos numa trama? Pois é. E é com essa tradicionalidade que o Godard brinca com cultura pop e quebra paradigmas.

Anna Karina e Jean-Paul Belmondo em cena de "Uma Mulher É Uma Mulher"

E mais: direção de arte. Godard usa e abusa em Pierrot e Uma Mulher do azul e do vermelho. As cores da França. E também dos EUA (quem ele critica claramente em Pierrot). Na fotografia também. Os figurinos usados nos filmes são inspiradores, principalmente os femininos:





Mimosos, não? Um dia vou voltar lá e sair pelas ruas de Paris assim, sambando na cara de toda a sociedade. 


Bjs,
K.