Esse texto começou ainda pouco na minha cabeça, no retorno
pra casa após o trabalho. É sempre o meu momento do dia. Fico repensando ele
todo e em milhares de outras coisas. Começou também por outro simples motivo:
nunca comecei, de fato, este blog. Tenho um endereço já faz meses – e talvez um
ano, minha noção de tempo é bem ruim – e nunca consegui colocar nada aqui. Pois
bem...
Nessa jornada de proletária na volta para o lar, lembrei da
aula que tive pela manhã (Direção e Produção em Cinema), quando revi cenas de Pierrot
Le Fou, de Jean-Luc Godard. Não estou querendo ser esnobe colocando o título em
francês, mas é que o título nacional (O Demônio das Onze Horas. Sério) é bem
tosco.
Jean-Paul Belmondo e Anna Karina (musa) em cena de "Pierrot Le Fou" |
O filme fez parte da Nouvelle Vague, movimento francês nascido
na década de 60 que era uma visão crítica do cinema mainstrean. A narrativa estabelecida foi quebrada, os diálogos são ácidos e a trama não possui linearidade.
E é isso que amo. E aí, é 8 ou 80. Conheço pessoas que não
suportam e que até hoje possuem preconceito com o cinema francês por isso. Dos filmes
de Godard que já assisti (além de Pierrot, Acossado e Uma Mulher é Uma Mulher)
é isso que acontece. Por mais que tudo aponte para uma completa bagunça sem
sentido, eles fazem todo o sentido. Até porque, sempre tem de haver uma
história.
Anna Karina e Jean-Paul Belmondo em cena de "Uma Mulher É Uma Mulher" |
Nestes três, há sempre um mocinho e uma mocinha em uma
história de amor. E vale registrar: nada de mocinhas frágeis aqui. Um crime,
uma fuga (no caso de Pierrot e Acossado). Soa familiar? Além de formar um bom
par com o film noir, existe coisa mais tradicional do que estes elementos numa
trama? Pois é. E é com essa tradicionalidade que o Godard brinca com cultura
pop e quebra paradigmas.
Anna Karina e Jean-Paul Belmondo em cena de "Uma Mulher É Uma Mulher" |
E mais: direção de arte. Godard usa e abusa em Pierrot e Uma
Mulher do azul e do vermelho. As cores da França. E também dos EUA (quem ele
critica claramente em Pierrot). Na fotografia também. Os figurinos usados nos
filmes são inspiradores, principalmente os femininos:
Mimosos, não? Um dia vou voltar lá e sair pelas ruas de Paris assim, sambando na cara de toda a sociedade.
Bjs,
K.