terça-feira, 30 de outubro de 2012

O primeiro e espero que não último.


Esse texto começou ainda pouco na minha cabeça, no retorno pra casa após o trabalho. É sempre o meu momento do dia. Fico repensando ele todo e em milhares de outras coisas. Começou também por outro simples motivo: nunca comecei, de fato, este blog. Tenho um endereço já faz meses – e talvez um ano, minha noção de tempo é bem ruim – e nunca consegui colocar nada aqui. Pois bem...

Nessa jornada de proletária na volta para o lar, lembrei da aula que tive pela manhã (Direção e Produção em Cinema), quando revi cenas de Pierrot Le Fou, de Jean-Luc Godard. Não estou querendo ser esnobe colocando o título em francês, mas é que o título nacional (O Demônio das Onze Horas. Sério) é bem tosco.

Jean-Paul Belmondo e Anna Karina (musa) em cena de "Pierrot Le Fou"

O filme fez parte da Nouvelle Vague, movimento francês nascido na década de 60 que era uma visão crítica do cinema mainstrean. A narrativa estabelecida foi quebrada, os diálogos são ácidos e a trama não possui linearidade.

E é isso que amo. E aí, é 8 ou 80. Conheço pessoas que não suportam e que até hoje possuem preconceito com o cinema francês por isso. Dos filmes de Godard que já assisti (além de Pierrot, Acossado e Uma Mulher é Uma Mulher) é isso que acontece. Por mais que tudo aponte para uma completa bagunça sem sentido, eles fazem todo o sentido. Até porque, sempre tem de haver uma história.

Anna Karina e Jean-Paul Belmondo em cena de "Uma Mulher É Uma Mulher"

Nestes três, há sempre um mocinho e uma mocinha em uma história de amor. E vale registrar: nada de mocinhas frágeis aqui. Um crime, uma fuga (no caso de Pierrot e Acossado). Soa familiar? Além de formar um bom par com o film noir, existe coisa mais tradicional do que estes elementos numa trama? Pois é. E é com essa tradicionalidade que o Godard brinca com cultura pop e quebra paradigmas.

Anna Karina e Jean-Paul Belmondo em cena de "Uma Mulher É Uma Mulher"

E mais: direção de arte. Godard usa e abusa em Pierrot e Uma Mulher do azul e do vermelho. As cores da França. E também dos EUA (quem ele critica claramente em Pierrot). Na fotografia também. Os figurinos usados nos filmes são inspiradores, principalmente os femininos:





Mimosos, não? Um dia vou voltar lá e sair pelas ruas de Paris assim, sambando na cara de toda a sociedade. 


Bjs,
K.